A amizade. Aquele sentimento bom, feliz e livre. Livre de convenções, de barreiras, de segredos, de constrangimentos. Aquele estar, amplo e leve, apenas por estar, não importa o que se diga. Aquele querer sempre estar, aqui, além, do infinito ao ante finito, que é o pouco tempo que nos resta. Aquele amar sem vergonhas, sem rodeios, sem medos. Aquele gostar que aumenta sempre, sem que nos importem as contrariedades, nem as venças e desavenças, desfeitas num abraço sentido. Por isso, por ser tão verdade, a amizade não tem fim nem hora marcada para o regresso. A amizade é um reencontro constante, é brisa doce que ondula ao verde-mar do campo, da terra perfumada. A amizade é sermos humanos, é sabermos que somos falhos e imperfeitos, é reconhecer os nossos erros e os dos nossos irmãos-amigos, e recebê-los com delicadeza, compreensão e respeito. Porque nesta vida andamos todos a aprender, todos, sem exceção.
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Quando pelo inverno, naquela altura em que o odor lenificado do ar frio ressoava estridente pelos vidros do meu quarto, e a vida, a vida, era um enigma fremente e vasto.
Quando pelo inverno, o nervo e a dor não existiam além dos limites possíveis do nervo, da dor, quando o corpo dava tudo, mesmo no limbo da exaustão, que se não sentia.
Quando o sabor doce de nada fazer impelia à acção, sem medos nem questões complexas concernindo ao peso do prazer sobre a inércia, ao gosto do sentir sobre o dever.
Quando a música refringente do concerto para piano em lá menor de Grieg, no seu andamento segundo, cercava os meus olhos de um calor enorme e repuxava o meu corpo todo que vibrava quando ali não era eu, mas a biologia, a química, a física, a música, a natureza, o universo todo, presente e distante, a plenitude plena.
Quando a palavra e o gesto eram verdadeiros e certos por si mesmos, por virem de outro alguém, por serem consequência e causa da nossa existência, razão da nossa vida.
Quando a perfídia e o medo eram estados ausentes, realidades impossíveis, tamanho o esplendor daquele ar frio, daquela sombra ondulante das árvores sobre a calçada e a chuva em si escorrente.
Quando hoje, hoje sim, hoje já, que foi hoje sem passar, olho para trás, neste mesmo lugar, ao som desta mesma música, percebo que não há antes, nem depois. Há o meu corpo, o meu mesmíssimo corpo, aqui e agora, como dantes e depois e sempre.
Agarro-me com força, com toda a força restante, sem mágoas, mas com uma saudade imensa, saudade de alguém que foi eu. Seguro-me a este lugar, a este cais salgado e frio e verde como o mar .
Não sei para onde nem por onde. O tempo passou, as perspectivas mudaram, fiquei eu apenas, memória inquieta, sensação perene e estranha de falta, de medo, de desvio.
Não quero voltar a ser criança, não, não quero voltar atrás. Preciso apenas de ti, de ti somente, essência simples e ingénua e crua de outrora.
A amizade. Aquele sentimento bom, feliz e livre. Livre de convenções, de barreiras, de segredos, de constrangimentos. Aquele estar, amplo e leve, apenas por estar, não importa o que se diga. Aquele querer sempre estar, aqui, além, do infinito ao ante finito, que é o pouco tempo que nos resta. Aquele amar sem vergonhas, sem rodeios, sem medos. Aquele gostar que aumenta sempre, sem que nos importem as contrariedades, nem as venças e desavenças, desfeitas num abraço sentido. Por isso, por ser tão verdade, a amizade não tem fim nem hora marcada para o regresso. A amizade é um reencontro constante, é brisa doce que ondula ao verde-mar do campo, da terra perfumada. A amizade é sermos humanos, é sabermos que somos falhos e imperfeitos, é reconhecer os nossos erros e os dos nossos irmãos-amigos, e recebê-los com delicadeza, compreensão e respeito. Porque nesta vida andamos todos a aprender, todos, sem exceção.
No fim do caminho, quando a tarde finda em cores infinitas e sons de recolhimento silvestre, e o aroma cítrico da aragem densa e robusta traz a tua ausência presente, o teu porte de árvore grande e imensa, a tua mão esculpindo uma casca de pinheiro, um barco, um gaio, um corvo entoando um eco livre e aberto a tudo o que se não sabe, se não diz ou faz. Nesse rastilho de verdade, nesse prumo torto e curvilíneo, qual tronco retorcido pelo vento, nesse corcel que é a nossa vontade intrínseca, a nossa incapacidade eterna para sermos felizes entre dentes de oiro e odores de fábrica. Nesse sem sentido comum, que em tempos vários é e foi vida, nesse horizonte verde de gradientes vários que é cá dentro turbilhão, insatisfação, tristeza, saudade. Em tudo isso, e em tudo o mais o que sentimos e não sabemos, é a razão mais simples e absoluta para esta ausência de sentido, para esta distância imposta pelo partir, tão cedo. Caminhamos, caminharemos sempre nesta ...
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