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A amizade. Aquele sentimento bom, feliz e livre. Livre de convenções, de barreiras, de segredos, de constrangimentos.  Aquele estar, amplo e leve, apenas por estar, não importa o que se diga. Aquele querer sempre estar, aqui, além, do infinito ao ante finito, que é o pouco tempo que nos resta.  Aquele amar sem vergonhas, sem rodeios, sem medos. Aquele gostar que aumenta sempre, sem que nos importem as contrariedades, nem as venças e desavenças, desfeitas num abraço sentido. Por isso, por ser tão verdade, a amizade não tem fim nem hora marcada para o regresso.  A amizade é um reencontro constante, é brisa doce que ondula ao verde-mar do campo, da terra perfumada.  A amizade é sermos humanos, é sabermos que somos falhos e imperfeitos, é reconhecer os nossos erros e os dos nossos irmãos-amigos, e recebê-los com delicadeza, compreensão e respeito.  Porque nesta vida andamos todos a aprender, todos, sem exceção.

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vieira
2018

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de regresso a casa
a este espaço silente
em que sou eu só 
sem expectativas 
nem retornos

a este sonho 
que reinvento 
sem aparas

ao ser-me
agora
de novo
sem saber
quem fui

esqueci-me
de tudo
do todo 
a que me dei
inteiramente

se grande
tiver sido
o pouco 
do que fui 
por inteiro

terá sido
naquele 
dar-me
constante 
humilde
(e)terno 

naquele 
estar
verdadeiro
e pleno
consumido
pela verdade 
de outros olhos
de outros modos
de entender 
a vida

por agora
não sei 
como
sobreviver
a este 
regresso

a esta
casa
estranha

silente

sem 
retorno

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