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A amizade. Aquele sentimento bom, feliz e livre. Livre de convenções, de barreiras, de segredos, de constrangimentos.  Aquele estar, amplo e leve, apenas por estar, não importa o que se diga. Aquele querer sempre estar, aqui, além, do infinito ao ante finito, que é o pouco tempo que nos resta.  Aquele amar sem vergonhas, sem rodeios, sem medos. Aquele gostar que aumenta sempre, sem que nos importem as contrariedades, nem as venças e desavenças, desfeitas num abraço sentido. Por isso, por ser tão verdade, a amizade não tem fim nem hora marcada para o regresso.  A amizade é um reencontro constante, é brisa doce que ondula ao verde-mar do campo, da terra perfumada.  A amizade é sermos humanos, é sabermos que somos falhos e imperfeitos, é reconhecer os nossos erros e os dos nossos irmãos-amigos, e recebê-los com delicadeza, compreensão e respeito.  Porque nesta vida andamos todos a aprender, todos, sem exceção.

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não existe modo
perfeito ou justo
para começar 
um poema
escrevo de forma seca
na língua-mãe
que ignorantemente
desconheço
falta-me o cheiro
o verde húmido
dos campos que sonhei
está longe o mar
foi-se a vontade
em poeira e vento
e o meu corpo
moído das cãibras
impregnado de xilitol
e menta barata
todo ele se envolve
e emaranha
de forma consentida
e (in)sensata
em papéis e metas
e prioridades alheias
ditadas por quem nada sabe
do amor claro e inquieto
das coisas simples
do silêncio são
e imperfeito
que é nesta manhã
despovoada e doce

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